Thursday, April 27, 2006

Chamei a um Cravo de Abril Joana

 

Fiz dos teus cabelos a minha bandeira
Fiz do teu corpo o meu estandarte
Fiz da tua alma a minha fogueira
E fiz, do teu perfil, as formas de arte Posted by Picasa

Tuesday, April 25, 2006

Viva a Revolução! Abril sempre!

A Revolução do 25 de Abril fez-se contra a ditadura fascista, a guerra colonial e o atraso económico do país.

O provincianismo beato, o isolamento e a apagada e vil tristeza em que vivia Portugal deram, então, lugar à festa, à participação popular e à esperança num futuro diferente e melhor.

Muito se conseguiu e muito falta ainda alcançar. Os melhores sonhos de Abril são projectos de sempre e para sempre.

Comemorar hoje o 25 de Abril é lutar mais uma vez pela Democracia, pela Paz e pelo Progresso. É lutar contra aqueles que pretendem não existir alternativas para o poder do Império e do grande capital; para a dicotomia agressão imperialista/reacção terrorista; para os despedimentos, a miséria, a alta de preços e o congelamento dos salários.

Há alternativas! Estamos aqui para o provar.

Viva a Revolução do 25 de Abril!
Viva a República!
Viva o Socialismo!


Tu que já viste este povo a lutar
E querem fechar os olhos a quem sabe viver
Tu que já viste este povo a amar
E querem fazê-lo deixar a vida e morrer

Sangue revolucionário que te ferveu
Que outrora comoveu Portugal
Se quem está aí ainda não morreu
Faz mais uma parada triunfal

Tu que já viste este povo sofrer
Pega nas armas e levanta a voz!
Tu que já viste este povo correr
pela liberdade de todos nós!

Pedro Mendes

Tuesday, April 11, 2006

Um Adeus Português

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada

Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti

Monday, April 03, 2006

She was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever; I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Put away the ocean and sweep up the wood,
For nothing now can ever come to any good.

Manifesto de fundação da Frente Homossexual de Acção Revolucionária (FHAR), Paris, 1973.

"Vós que não vos sentis opressores. Vós que beijais como toda a gente. Não é culpa vossa que haja doentes ou criminosos. Nada podeis fazer, dizeis, já que sois tolerantes. A vossa sociedade tratou-nos como um flagelo social para o Estado, como objectos de desprezo para os homens verdadeiros, como sujeitos terroristas para as mães de família. Estas mesmas palavras que servem para nos designar são os vossos piores insultos. Protegeis as vossas filhas e os vossos filhos da nossa presença, como se transportássemos a cólera.
Afirmamos aqui que já chega. Que não mais nos chatearão, porque vamos perseguir o vosso racismo contra nós, até mesmo na linguagem.
Dizemos mais: não nos contentaremos em nos defendermos. Nós vamos atacar."