Thursday, November 20, 2008

Ternura, por toda a minha vida

Ah meu bem amado
Quero fazer de um juramento uma canção
Eu prometo, por toda a minha vida
Ser somente tua e amar-te como nunca
Ninguém jamais amou, ninguém
Ah meu bem amado
Estrela pura, aparecida
Eu te amo e te proclamo
O meu amor, o meu amor
Maior que tudo quanto existe

Tom Jobim

Tuesday, November 18, 2008

Monólogo para a Injustiça

Já brilha alto o sol contra o pensamento que anoitece. Rebusca nos lugares recôndidos da mente os cheiros e as cores que me fizeram horas antes sorrir e que agora ressacam por todo o meu corpo fazendo-o sangrar sem estancação possível. Faço uma introspecção para ver o que me danificou durante a tormenta viagem que me foi afastando de ti mas as feridas não se vêem. Talvez por estarem inundadas de lágrimas que percorrem todo este corpo que anseia que no lugar delas passem os teus dedos. Haja discernimento oh controladores da vida que isto de chorar pelos cantos só tresanda a injustiça. Se me querem ver são, então deixem me ser louco que eu conheço muito melhor as minhas dores do que vocês e bem vejo os gritos mudos e as lágrimas escondidas que elas me trazem. São vocês os tiranos que um dia derrubarei. Há dois lutadores com um coração só que vos derrubará quando menos esperarem. Cobre-se a cidade das horas do sol pôr. Têm se revelado fatais para mim. Horas de partir, horas de regressar. Mas fui eu feito para isto? Para deixar que a Injustiça controle a minha vida como bem lhe apetece? Fui eu feito para morrer e renascer no lusco-fusco das horas confusas? Não há paciência para ti Injustiça! Não soubeste amar e portanto vingas-te nestes que se encontraram no puro acaso do teu azar. Foi sempre disso que te alimentaste, do azar dos outros, e agora provas o teu próprio veneno e fazes das nossas lágrimas rios que desaguam em mares de saudade extensa sem fundo onde pensas que poderás banhar-te eternamente. Mas desengana-te que eu saberei pô-las todas num copo para as beber com o ar triufante pela vitória da união dos dois seres que à nascença separaste. As lágrimas que hoje se vertem serão o sangue e a pólvora na nossa bandeira que verás hasteada na nossa terra e que te provocará tantas náuseas e aversão que serás incapaz de voltar a praticar os teus vis actos connosco. O amor não é guerra fácil. Obriga-nos a morrer e a renascer e a fazer-nos atravessar túneis coloridos com uma venda nos olhos, a ouvir a melhor música com a surdez, a querer cantar com a voz silenciada, a cheirar os melhores perfumes quando estamos constipados. Mas quando descobrimos que há alguém que vai ao nosso lado a descrever-nos o caminho, a música e o perfume, sentimos que talvez nem precisamos de conhecer a realidade. Aquela que a nossa companhia nos tem vindo a descrever parece bem mais bonita do que ela realmente é. E por isso perferimos embarcar no sonho em direcção à utopia a deixarmo-nos cair sob o fardo que é essa realidade que todos carregam e não faz ninguém feliz. Mas tu bem tentas, Injustiça, que nada disto aconteça para nos juntares ao teu rebanho. Mas eu já vejo as cores do meu mundo, eu já vejo a música que sai das cordas de uma guitarra, das vozes que se rimam, dos perfumes que preservo dentro de mim e que me voltam à memória como um leve pano sobre a minha alma que se enrola nela e que partilharei sempre com quem me acompanha agora.

Tuesday, November 11, 2008

Carta para nós daqui a um ano

11 de Novembro de 2008,

Querid@ Ternura,

Como vos invejo. É dia 11 de Novembro de 2009 e estão muito mais apaixonados do que hoje. O frio não vos custa tanto porque estão muito mais abraçados e com os lábios ainda mais colados. Provavelmente devem estar a dar um passeio protegendo-se mutuamente do frio ou a ver um filme que vos marcará no futuro, e que julgam ter sido feito para vocês, sentados num sofá com uma manta quente a proteger o amor das atrocidades do mundo. Quem sabe talvez já saibam os dois tocar guitarra e treinam juntos as canções que semprem cantaram e que passam agora a parecer escritas e compostas por vocês dedicando-as ao vosso amor. Ao mundo deram um novo significado à palavra amor e os escritores, artistas e fotografos vêm ter convosco, perdendo a timidez que sempre os fez olhar de longe, para lhes darem um pouco da inspiração que vos fez nascer. As inseguranças já estarão mais ultrapassadas e já vivem como se fossem uma pessoa só. Tudo o que se faz é em conjunto. Respiram, riem e choram em conjunto. Sabem exactamente o que um e o outro pensam e perguntam-se se já não terão morrido sem se terem apercebido uma vez que encontraram o paraíso bem mais cedo do que esperavam. O vosso amor é como um lago com água muito limpa e transparente que dá vontade até aos gatos de mergulharem. Só gostava que ter já todo esse amor que vocês vivem e orgulhar-me como vocês ao mostrá-lo a toda a gente e dizendo que afinal a perfeição existe.

Têm por perto as recordações e presentes que foram dando um ao outro e olham para elas revendo os sorrisos que estas vos despertaram. Relembram as palavras, os abraços e os beijos que se seguiram e repetem-nos com mais vivacidade e emoção. Comovem-se com o vosso próprio e amor e voltam a dizer mais uma vez como sempre disseram que o vosso amor cresce todos os dias e que têm a certeza absoluta que estarão juntos para sempre.

Quando forem dormir lembram-se de como custava deitar na cama sem estarem juntos e de como são felizes agora e abraçam-se por saberem que no dia seguinte ainda estarão a amar mais.

Como vos invejo e tropeço de ternura por vocês tal como hoje tropeço por nós.

Amo-vos.