Monday, May 15, 2006

O lento arrancar do comboio parece reflectir bem o estado de espírito daqueles que se separam. É vagaroso, doloroso e triste.

Na plataforma da gare, coberta com severos arcos neogóticos, num ambiente acinzentado, uns riem, outros estão apáticos e outros não se descolam saboreando um abraço medicinal que esperam que cure o sofrimento da saudade que ainda não veio mas já se sente o cheiro e o peso.
Recordam e repetem beijos.
Os lábios esmagam-se e as línguas entrelaçam-se na esperança de tirarem e darem o sabor do amor.
Do alto ouve se o altifalante a fazer o papel de árbitro de boxe que tenta separar dificilmente aqueles que se querem. Uns não aguentam e arrependem-se voltando à sua metade de vida e corpo. Outros soltam os últimos sorrisos tristes.

Agora é a janela da carruagem que os divide e entristecem com a tortura insuportável do lento arrancar do comboio.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

eles hão-de voltar. no mesmo comboio que os levou para longe, eles voltam e já podem amar de novo. já podem sentir de novo tudo aquilo que o amor sem tacto não lhes pode dar. o cheiro, o toque,..

e o comboio há-de voltar sempre.
eu sei que terá sempre um bilhete de ida..e um de volta.

*

2:33 PM  

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